Nos últimos anos, especialmente desde 2020, o mundo dos shoppings tem sido desafiado por uma série de mudanças drásticas, impulsionadas em parte pela pandemia que atuou como um catalisador para a transformação. A ascensão imparável das compras online, impulsionada pelos preços competitivos, tem sido um dos maiores desafios para os shoppings. Além disso, o setor de shoppings no Brasil, embora seja vigoroso, é bastante específico, tornando difícil mapear tendências globais, ao contrário de outros setores de varejo que podem facilmente adaptar-se às novidades do mercado norte-americano e europeu.
Diante desse cenário incerto, o mercado tem respondido com movimentos audaciosos. Fusões, como a Aliansce Sonae e BrMalls, criaram gigantes que têm mais poder de negociação com fornecedores e capacidade de investimento. No entanto, para manter a relevância, os shoppings precisam olhar para o futuro com uma mentalidade inovadora e adaptativa.
1) Convergência de Vendas e Entretenimento: A Era do “Retailment” e “Slow Sell”
No futuro, os shoppings não serão apenas locais de compra, mas também de experiência. O conceito de “retailment”, que combina venda e entretenimento, está ganhando espaço. Empresas inovadoras, como a Apple, têm adotado estratégias que transcendem a simples venda de produtos. Workshops interativos ensinando os clientes a tirarem o máximo de seus dispositivos não apenas resultam em vendas, mas também constroem relacionamentos sólidos.
Essas interações podem se estender ao mundo digital, onde influenciadores podem desempenhar um papel crucial. A relevância dos influenciadores online pode ser traduzida em experiências do mundo real, proporcionando interações físicas valiosas. A compra imediata torna-se secundária à experiência compartilhada, permitindo que os shoppings se beneficiem de múltiplas fontes de receita, como taxas de estacionamento e vendas não planejadas.
2) Diversificação de Serviços e Eventos: Para Além das Compras
A diversificação dos serviços oferecidos pelos shoppings é vital para sua relevância contínua. Além dos serviços tradicionais, como correios e lotéricas, shoppings estão expandindo para oferecer serviços médicos especializados e eventos que beneficiam a comunidade. Iniciativas como clínicas médicas e espaços de apoio para vítimas de agressão não apenas geram receita, mas também deixam um legado significativo na sociedade.
3) Enfatizando a Experiência: Shoppings como Espaços de Socialização
Com a sociedade valorizando atividades que antes eram consideradas simples, como jantar fora e ir ao cinema, os shoppings estão se adaptando para oferecer experiências únicas. Espaços ociosos estão sendo transformados em coworkings, proporcionando ambientes de trabalho alternativos. Além disso, o conceito de satelização, onde grandes espaços são fragmentados para criar ambientes mais intimistas, está ganhando popularidade. A premissa subjacente é que os shoppings oferecem experiências que a internet não pode replicar, desde experimentar um produto antes de comprar até interações sociais autênticas.
Em suma, o futuro dos shoppings no Brasil está intrinsecamente ligado ao reforço das experiências offline que só eles podem oferecer. Ao adotar uma mentalidade de mudança e inovação, os shoppings podem não apenas sobreviver, mas prosperar nesse cenário de constante transformação. A chave está em criar um ambiente que não apenas acompanhe as tendências, mas as antecipe, oferecendo aos clientes algo que nem mesmo o mundo digital pode replicar totalmente.