Os números não deixam dúvidas: a Black Friday de 2024 foi um marco para o varejo no Brasil e no mundo. Mais do que uma data promocional, ela revelou padrões de consumo, consolidou tendências e trouxe desafios que impactam diretamente as estratégias de trade marketing.
No Brasil, o evento registrou um aumento significativo nas vendas, com um crescimento de 16,1% em comparação ao ano anterior, segundo o Índice Cielo de Varejo Ampliado (ICVA). O comércio físico foi o grande destaque, com alta de 17,1%, enquanto o e-commerce avançou 8,9%, reforçando a importância de combinar experiências digitais e presenciais para atender às expectativas do consumidor.
Outro ponto que chamou atenção foi o aumento do uso do Pix como método de pagamento. Durante a Black Friday, sua utilização cresceu impressionantes 120,7%, evidenciando uma mudança no comportamento dos consumidores, que buscam cada vez mais agilidade e praticidade nas transações financeiras. Apesar disso, o tradicional cartão de crédito continua liderando como a forma de pagamento mais utilizada.
Tendências que marcaram a Black Friday de 2024
Além dos números expressivos, a Black Friday de 2024 destacou práticas e comportamentos que moldaram o mercado e marcaram presença ao longo do período:
– O consumidor mais racional: com maior acesso à informação, os consumidores planejaram suas compras e focaram em itens de real valor, reduzindo compras por impulso.
– A força do Live Commerce: este formato de vendas online manteve sua relevância, engajando consumidores em tempo real e gerando conversões imediatas.
– Omnichannel como diferencial: a integração entre o físico e o digital se mostrou essencial para oferecer uma experiência de compra fluida e otimizada, potencializando os resultados das marcas.
– Logística e pós-venda eficientes: empresas que priorizaram um atendimento ágil e processos de entrega bem-organizados garantiram um impacto positivo na experiência do cliente.
Crescimento global e adaptações locais
Não foi apenas no Brasil que a Black Friday brilhou. Em mercados como os Estados Unidos, as vendas online tiveram uma alta de 14,6%, enquanto o varejo físico apresentou um crescimento de 0,7%, segundo dados da Mastercard. Já o Reino Unido surpreendeu, com o comércio físico avançando 9,1%, acima da média geral de crescimento.
Países como Coreia do Sul, França, Índia e Austrália também se destacaram, consolidando a Black Friday como um fenômeno global. Na Coreia do Sul, por exemplo, o e-commerce cresceu 15%, e o varejo físico registrou alta de 8%, mesmo em meio a desafios políticos. Já no México, a “El Buen Fin”, uma adaptação local, se somou à Black Friday para criar um ciclo promocional prolongado, demonstrando como diferentes mercados ajustam a data às suas realidades e culturas.
Categorias em alta no Brasil
No Brasil, os segmentos de supermercados e hipermercados lideraram o crescimento, com um aumento de 26,2% nas vendas. Drogarias e farmácias também registraram um desempenho expressivo, com alta de 21,7%, seguidas pelo setor de vestuário, que cresceu 18,2%. Esses dados mostram que a Black Friday vai muito além dos eletrônicos e eletrodomésticos, abrangendo categorias essenciais para o dia a dia do consumidor.
Além disso, o evento deixou de ser limitado a um único dia. Muitas empresas expandiram suas promoções para semanas ou até o mês inteiro, criando um período de vendas intensas e permitindo que mais consumidores aproveitassem as ofertas. Essa extensão, no entanto, traz desafios logísticos e operacionais que exigem planejamento detalhado por parte dos varejistas.
O impacto no varejo e as reflexões para o futuro
Apesar dos resultados positivos, a Black Friday levanta questões importantes para o varejo. A proximidade com o Natal, tradicionalmente a data mais importante do calendário comercial, faz com que muitos consumidores antecipem suas compras, o que pode comprometer as vendas a preços cheios no final do ano.
Esse comportamento, cada vez mais orientado por promoções, reflete uma mudança no perfil do consumidor. Em mercados como os Estados Unidos, menos de 20% das vendas são realizadas a preço cheio, evidenciando uma pressão constante sobre margens e estratégias de precificação. No Brasil, esse fenômeno começa a se consolidar, obrigando os varejistas a equilibrarem volume de vendas e rentabilidade.
Um Olhar estratégico para o varejo do futuro
A Black Friday de 2024 reafirmou sua importância, tanto como uma data de consumo quanto como uma oportunidade para analisar o comportamento do mercado. Com consumidores mais atentos e seletivos, varejistas precisam ser ainda mais estratégicos para aproveitar o potencial desse evento.
Enquanto o cenário continua desafiador, a Black Friday mostra que, com inovação e planejamento, é possível transformar desafios em oportunidades e consolidar essa data como um marco positivo para o varejo e o trade marketing.
Fonte: Índice Cielo do Varejo Ampliado – (ICVA) e Mercado & Consumo – Edição 16.12.24