Inovação estratégica: o equilíbrio entre ousar e recuar, insights CONAREC 2024  

Em um mundo corporativo cada vez mais dinâmico e competitivo, a inovação tem se tornado um dos pilares fundamentais para o sucesso das empresas. Entretanto, inovar não se trata apenas de lançar novos produtos ou abraçar as últimas tendências tecnológicas. O segredo para uma inovação bem-sucedida está na capacidade dos líderes de equilibrar a ousadia com a cautela, sabendo quando avançar e quando recuar. 

No recente ciclo de palestras do CONAREC 2024, esse tema foi amplamente discutido por grandes líderes empresariais. O painel, mediado por Anne Grecco, diretora executiva da Interbrand, contou com a participação de CEOs de renome, como Luiz Cláudio Lorenzo, do Grupo Piracanjuba, Olivier Aizac, da OLX, Richard Stad, da Aramis, e Ricardo Wolff, da Kenvue. Esses líderes compartilharam suas experiências sobre como a inovação deve ser conduzida com disciplina e estratégia, destacando a importância de uma liderança eficaz nesse processo. 

Disciplina na liderança: o alicerce da inovação 

Um dos primeiros pontos discutidos foi a disciplina na liderança. Richard Stad, CEO da Aramis, enfatizou que a disciplina é um dos principais atributos que um líder deve cultivar para garantir o sucesso na inovação. Segundo ele, líderes disciplinados são capazes de estabelecer padrões elevados de desempenho e responsabilidade, o que, por sua vez, gera um ambiente colaborativo e eficiente. Ele ressaltou que essa disciplina vai além de uma simples organização; trata-se de uma mentalidade que permeia toda a cultura organizacional. 

A consistência na tomada de decisões, a comunicação clara e o feedback construtivo são práticas que, segundo Richard, devem ser incorporadas ao cotidiano dos líderes. Esses hábitos estabelecem um modelo a ser seguido pelos colaboradores, criando um efeito em cadeia que fortalece a coesão e a produtividade da equipe. Além disso, a disciplina permite que os líderes gerenciem melhor o tempo e os recursos, algo essencial em um ambiente de constante inovação. 

Errar é parte do processo, insistir no erro não 

Luiz Cláudio Lorenzo, CEO do Grupo Piracanjuba, trouxe uma perspectiva interessante sobre o papel dos erros no processo de inovação. Segundo ele, errar faz parte do aprendizado, mas insistir no erro pode ser fatal para qualquer empresa. No Grupo Piracanjuba, a cultura de inovação é baseada na transparência e no senso de justiça, o que permite que os colaboradores se sintam à vontade para experimentar, aprender com seus erros e seguir em frente. Ele destacou que a empresa está constantemente em busca de melhorias contínuas e que os erros, quando bem aproveitados, se transformam em oportunidades de crescimento. 

Essa visão de que os erros são uma oportunidade foi amplamente apoiada pelos demais participantes do painel, que enfatizaram a importância de criar um ambiente onde os colaboradores se sintam seguros para inovar e aprender com os desafios que surgem. 

Inovação no Mundo Caórdico 

O termo “mundo caórdico”, mencionado por Ricardo Wolff, managing director da Kenvue, foi um dos conceitos mais marcantes do painel. Esse conceito reflete a ideia de que o ambiente corporativo moderno é uma interseção entre o caos e a ordem, onde a incerteza e a ambiguidade são partes inevitáveis da realidade. Nesse contexto, as organizações precisam ser ágeis e flexíveis para sobreviver e prosperar. 

Ricardo Wolff ressaltou que os líderes devem aprender a navegar nesse mundo caórdico, promovendo uma cultura de aprendizado contínuo e experimentação. Empresas que adotam essa mentalidade estão mais bem preparadas para responder rapidamente a riscos e oportunidades emergentes. Além disso, ele destacou que a colaboração entre diferentes áreas da empresa é essencial para criar soluções verdadeiramente inovadoras. A interação entre departamentos e o envolvimento dos usuários finais no processo de inovação podem gerar insights valiosos sobre as necessidades dos consumidores. 

Amplitude de Inovação: muito além do produto 

Outro ponto abordado durante o painel foi a amplitude da inovação. De acordo com os líderes presentes, inovação não se limita ao lançamento de novos produtos. Inovar envolve identificar necessidades não atendidas, explorar novas ideias e se adaptar rapidamente às mudanças do mercado. É um processo contínuo que exige uma visão estratégica e a capacidade de equilibrar as demandas de curto e longo prazo. 

Ricardo Wolff reforçou que as inovações muitas vezes desafiam o status quo e exigem uma integração entre tecnologia, design e funcionalidade. Nesse sentido, ele destacou a importância de uma colaboração multidisciplinar, onde profissionais de diferentes áreas trabalham juntos para criar soluções que realmente façam a diferença para o consumidor. 

Quando não inovar? 

Uma das perguntas mais desafiadoras feitas durante o painel foi: “Quando uma empresa não deve inovar?”. A resposta, segundo os líderes, é que nem sempre é o momento de inovar. Olivier Aizac, CEO da OLX, trouxe uma perspectiva interessante sobre a pressão por inovação. Segundo ele, é importante não inovar simplesmente por causa de tendências ou pressões externas. A inovação deve ser estratégica e estar alinhada com os objetivos da empresa e as necessidades reais dos clientes. 

Olivier acredita que, em alguns casos, pode ser mais prudente focar na melhoria contínua dos processos existentes, em vez de buscar constantemente algo novo. Inovações prematuras podem levar a desperdícios de recursos e comprometer a sustentabilidade da empresa. Portanto, é essencial que as organizações avaliem cuidadosamente quando e como inovar, garantindo que os novos projetos estejam em sintonia com a visão de longo prazo da empresa. 

O Papel da Diversidade na Inovação 

Outro tema importante discutido no painel foi o papel da diversidade na promoção da inovação. Líderes que promovem a diversidade de pensamentos e experiências dentro de suas equipes têm mais chances de estimular a criatividade e encontrar soluções inovadoras. Equipes diversas tendem a gerar ideias mais originais, pois trazem uma variedade de perspectivas e abordagens para a resolução de problemas. 

Os painelistas enfatizaram que, para que isso ocorra, é fundamental que todos os colaboradores tenham voz e suas contribuições sejam respeitadas e valorizadas. Líderes inclusivos criam um ambiente onde todos se sentem seguros para compartilhar suas ideias, o que é crucial para a construção de uma cultura de inovação sustentável. 

Inovação Estratégica: saber quando ousar e quando recuar 

Em resumo, os líderes presentes no painel do CONAREC 2024 reforçaram a ideia de que a verdadeira inovação vai além da criação de novos produtos ou da adoção das últimas tecnologias. A inovação bem-sucedida está diretamente ligada à visão estratégica da empresa, e é fundamental que os líderes saibam quando é o momento de ousar e quando é o momento de otimizar processos existentes. 

Em um ambiente corporativo cada vez mais dinâmico e caórdico, as empresas que conseguem equilibrar o impulso pela inovação com a necessidade de garantir eficiência e consistência nas operações são aquelas que se destacam. O papel do líder, nesse cenário, é essencial: ele deve ser disciplinado, fomentar um ambiente colaborativo e saber usar a diversidade de sua equipe como um diferencial competitivo. 

Por fim, a inovação estratégica é a chave para garantir que as empresas não apenas sobrevivam em um mercado competitivo, mas prosperem e cresçam de forma sustentável. 

Fonte: Consumidor Moderno – Edição: 11.09.24  

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